Canina: Final explicado

No final de Canina, a mãe finalmente se encontrou. Ela não mais se enquadra na imagem de feminilidade ou maternidade da sociedade. Em vez disso, …

Aviso: O artigo a seguir contém spoilers de Canina.

Em 2021, o romance de Rachel Yoder, Canina, chegou às prateleiras e recebeu ótimas avaliações da crítica. O The Guardian descreveu a obra como uma “leitura selvagem”, enquanto o The New Yorker a considerou “catártica” e “surreal”. Agora, a história de Yoder, que acompanha uma artista que abandonou a carreira para se dedicar à maternidade e passa por uma transformação inesperada, ganha uma adaptação cinematográfica. Amy Adams estrela o filme como a mãe sem nome em Canina, uma comédia intensa sobre maternidade e identidade. Durante dois anos, ela se dedicou exclusivamente ao filho, abrindo mão da própria profissão.

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Agora, ela começa a notar mudanças caninas em si mesma, o que a leva a descobrir uma nova sensação de liberdade e empoderamento ao abraçar seu lado mais instintivo. Ao longo de Canina, a personagem de Amy Adams forma novas amizades com outras mães, se distancia do marido desatento (Scoot McNairy) e reacende sua paixão pelas artes. Além disso, ela se entrega completamente ao filho, o que a leva a uma nova exposição artística e a um relacionamento mais equilibrado com a família. No entanto, seus traços animalescos parecem carregar um significado mais simbólico do que literal.

A mãe realmente se transformou em um cachorro? Metáfora de Canina para a maternidade explicada

Mãe nunca foi um monstro ou um cachorro literal

Um dos maiores atrativos de Canina — a comédia de terror estrelada por Amy Adams — é a premissa de uma mãe que acredita estar se transformando em um cachorro. Isso poderia ter resultado em um filme de lobisomem bem diferente dos tradicionais, mas essa não foi a abordagem escolhida pela diretora Marielle Heller. Na verdade, quase tudo relacionado aos cães na história funciona como uma metáfora para a maternidade e a feminilidade. Embora a personagem de Amy Adams adote comportamentos caninos — como rosnar e comer em uma tigela —, sua transformação não acontece de maneira literal. Em vez disso, sua jornada representa simbolicamente o lado instintivo e selvagem da maternidade.

Os momentos em que ela percebe mudanças no próprio corpo — manchas de pelos, dentes mais afiados, mamilos diferentes — são metáforas intensificadas das transformações físicas que a maternidade e o envelhecimento podem causar. Sua personalidade canina, por sua vez, reflete o colapso de uma mulher diante das pressões impostas pela sociedade, levando-a a abraçar uma versão mais primal e autêntica de si mesma.

O que o monólogo final de Caninasignifica

Monólogos de Amy Adams sobre maternida de, feminilidade e sociedade

Ao longo de Canina, filme que marca a maior pontuação de Amy Adams no Rotten Tomatoes em oito anos, sua personagem entrega longos monólogos. Afinal, Canina é uma obra focada em sua jornada para compreender o que significa ser mãe e mulher. No desfecho da trama, a protagonista finalmente encontra o equilíbrio que tanto buscava em sua vida e reflete sobre isso após sua exposição na galeria — uma mostra dedicada às suas amigas, outras mães, e às experiências intensas e viscerais da maternidade e da feminilidade nos tempos modernos.

Após a exposição, Amy Adams retorna para casa e se questiona se isso é o verdadeiro significado de ser um animal. Ela realizou algo por si mesma. Encontrou apoio e solidariedade. Conseguiu equilibrar sua paixão pela maternidade com seu desejo de ser uma mulher independente. Ao se libertar das pressões sociais e das concepções impostas sobre o que significa ser uma mulher de verdade, sua personagem alcança a felicidade. E, por ser uma felicidade genuína, vinda de dentro e não ditada pela sociedade, ela se vê — em sua própria perspectiva — como um animal.

O que acontece com a mãe e sua família em Canina

A mãe de Amy Adam encontra conforto em si mesma e em sua matilha

Para a protagonista de Amy Adams — um papel que representa sua tentativa mais ousada de romper uma inacreditável sequência sem Oscars —, a história chega a um ponto de ruptura quando ela decide pedir a separação do marido. Até então, toda a carga da maternidade recaía sobre ela, enquanto o marido enxergava o cuidado com os filhos como algo opcional, a ser feito apenas quando conveniente. Além disso, ele se tornara dolorosamente omisso, incapaz de perceber que sua esposa estava desaparecendo diante de seus olhos. Para ele, a mulher que amava simplesmente mudou sem explicação, sem que ele compreendesse o próprio papel nesse processo. Amy Adams, por outro lado, sabe exatamente o que aconteceu.

A separação se torna essencial para que ela possa se reencontrar como artista, mas isso não significa que ela queira deixar de ser mãe. Pelo contrário, ela ama a maternidade, apesar dos desafios e do estresse. Ela também ama seu marido, mas precisa que ele a enxergue por completo, não apenas como mãe.

Uma vez que ele finalmente reconhece isso, abre-se uma nova possibilidade para que a família se reconstrua. Ele pode, enfim, tornar-se o parceiro de apoio que ela precisa, permitindo que ela compartilhe o peso da parentalidade e viva sua identidade além da maternidade. Esse novo senso de equilíbrio e autodescoberta parece compensar, já que a cena final de Canina, a nova e premiada comédia de terror estrelada por Amy Adams, mostra a protagonista dando à luz uma menina recém-nascida, com seu marido ao lado, apoiando-a em um parto natural e visceral.

Qual é o nome verdadeiro da personagem de Amy Adams em Canina?

Personagem principal de Amy Adams em Canina é uma autoinserção para mães

Ao longo de Canina, o público nunca descobre o nome da personagem de Amy Adams. Em vez disso, ela é simplesmente referida como “mãe”. Essa escolha reforça a natureza metafórica de Canina, já que a protagonista funciona como uma representação universal da experiência materna. No entanto, o que torna essa decisão ainda mais marcante é o fato de que outras mães na história possuem nomes próprios.

A personagem de Amy Adams é uma mulher que perdeu completamente sua identidade além da maternidade, então faz sentido que até mesmo seu nome pareça irrelevante. No início do filme, tudo o que importa para seu marido, para a sociedade e até para ela mesma é o fato de que ela é “mãe” — uma figura que, com o tempo, lutará para se reencontrar.

O verdadeiro significado de Canina

Canina é uma metáfora para a maternidade e a feminilidade

No desfecho de Canina, a protagonista finalmente se reencontra. Ela não se prende mais às expectativas impostas pela sociedade sobre feminilidade ou maternidade. Em vez disso, ela reconhece seu valor em todas as suas facetas: como mãe, esposa, artista, amiga e mulher.

Ela não existe para servir a um único propósito ou a uma única pessoa. Não precisa escolher entre a maternidade e sua paixão. Não precisa abrir mão do casamento para preservar sua independência. Ela encontra um equilíbrio e desafia as definições tradicionais de feminilidade impostas pela sociedade. Essa transformação se reflete em sua exposição na galeria, que captura, com horror e humor, a realidade da maternidade pelos olhos de uma mãe — e não pelos olhos do mundo ao seu redor.

Canina: Está disponível para transmissão no Apple TV+